O bicho da distância

Vivemos aterrorizados com a possibilidade da distância. Acreditamos estupidamente que apenas a presença constante e a consequente sensação de um certo controlo, nos poderá trazer o ambicionado bem-estar e conforto de que precisamos. Por estas mesmas razões, tornamo nos pessoas cada vez mais controladoras e obsessivas. Viver nesta constante aflição, leva-nos a perder as estribeiras em situações completamente banais e faz com que nos achemos capazes de correr em cima de uma corda. Travamos duras batalhas para atingirmos a nossa tão ambicionada liberdade e hoje não somos mais do que animais que procuram o caminho de volta para a jaula. A meio do percurso fomos aniquilando lentamente os nossos desejos mais primitivos e deixando que um véu de insegurança se abatesse sobre as nossas cabeças. Vivemos no desespero de encontrar alguém que queira viver a nossa vida, ao invés de alguém que queira partilhar a sua connosco. Tudo se resume a termos medo de ficar sozinhos. Esse próprio medo é perfeitamente aceitável e próprio da espécie humana, o que não faz sentido é deixarmos que ele se apodere de nós e que dite a forma como devemos agir nas nossas escolhas. A vida não é mais do que a jornada em busca do equilíbrio, entre a nossa racionalidade e o nosso eu primitivo. 

1 thoughts on “O bicho da distância

  1. Margot diz:

    Um dia uma menina disse-me isto sobre nós duas:
    “O coração não esquece, o que os olhos não vêm…”!
    Estamos sempre juntos….no ❤ !

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